quarta-feira, janeiro 24, 2007

EM NOME DO PAI

Lembro de ter lido algures na blogosfera (não consigo precisar onde) que “os Estados democráticos só devem criminalizar uma conduta quando ela seja consensualmente condenada pela sociedade”. Nada mais verdadeiro. Isto a propósito da recente condenação a seis anos de cadeia do sargento Gomes pelo direito que lhe assiste em defender a sua família. Como pode, quatro anos depois, uma família seja adoptiva, de coração, como queiram chamar, ser desconsiderada e condenada em favor de um indivíduo que recusou a paternidade e abandonou a mulher grávida? Quatro anos depois, é do interesse da criança fazer a distinção de quem é o pai biológico ou o pai "afectivo"? Ponha a Justiça os nomes que quiser, mas Pai é aquele é aquele que não abandonou, aquele que cuida, que protege, que educa, que acompanha, que está sempre presente. Eu sou Pai e falo com conhecimento de causa. Com sentenças destas, a mim custa-me a crer que algumas leis da nossa Republica sejam escritas por pessoas de bem!

SCARLETT

Fui ver “Scoop” de Woody Allen (WA). O filme é giro, tem alguns diálogos engraçados e mais uma vez o realizador-actor a fazer o papel que lhe é característico de “tonto” e pouco mais. Definitivamente não aprecio WA. Tento é perceber onde está a grandeza e a genialidade que atribuem a este realizador. Já tinha ido ver a “obra-prima” (segundo a opinião quase unânime dos críticos da praça) “Match Point”, mas confesso que saí do cinema sem a encontrar. Afinal tratava-se de mais um filme cheio de clichés, lugares comuns, situações óbvias. Pergunta: Mas se os filmes de WA são assim tão maus, porque que me castiguei em ir ver os últimos? A resposta a esta pergunta parece-me óbvia: Scarlett!

segunda-feira, janeiro 22, 2007

CINEMA

Com “Babel” primeiro e “As Bandeira dos Nossos Pais” depois e, neste fim-de-semana, o meu cartão de cinema ficou pago. Na prática, agora até finais de Março, o cinema para mim tornou-se gratuito. Quanto aos filmes que vi, “Babel”, assenta na teoria que o bater de asas de uma borboleta no Japão… estranha-se e depois provavelmente entranha-se… Quanto ao filme do Clint, penso que o brilho ficou para a segunda parte do díptico. Para ambos 7 em 10.

Mas o que eu queria realmente dizer era que o que mais me empolgou nesta sessões de cinema, nem foram os filmes, foi um trailer que as antecedeu, de um minuto e meio de “300” de Zack Snyder. É com filmes assim percebe-se que o cinema é para ser visto em salas de cinema. Menos que isso e não vale a pena!

Para quem não sabe, “300” conta a história de um grupo de trezentos guerreiros espartanos, liderados pelo Rei Leonidas de Esparta que enfrentaram o poderoso exército da Pérsia, composto por mais de 500.000 homens, na batalha do desfiladeiro das Termópilas, no ano 480 A.C. e mais que baseado é a transposição da graphic novel de Frank Miller. Quando estrear recomendo vivamente!

terça-feira, janeiro 16, 2007

OS PORTUGUESES

Foram finalmente divulgados os nomes que compõem os 10+ dos “Grandes Portugueses”. Apesar do meu preferido, Nuno Alvares Pereira, não constar desta lista, considero que foi feita uma selecção de nomes sóbrios em absoluto contraste com algumas aberrações votadas nos 100+.

Se a votação fosse séria, o povo português revelava uma ignorância estúpida em relação à sua história; se a votação foi na brincadeira, o povo português é dotado de um humor negro refinadíssimo. Quem mais se lembraria de colocar Pinto da Costa (17º) à frente de Nuno Alvares Pereira (18º)? Bem sei que uma grande maioria da população se alimenta de futebol e novelas, mas porra se queriam votar ao menos que consultassem um manual de história para perceber porque razão existimos hoje como nação independente e não como província espanhola!!!

Bem sei que votações valem o que valem, mas o resultado final será sempre um indicador, um reflexo dos valores e da cultura de povo. Esperemos pelo resultado final.

Da minha parte, afastado que foi Nuno Alvares Pereira, balanço entre D. Afonso Henriques ou D. João II. Aguardo pelos argumentos dos respectivos defensores para me decidir.

domingo, janeiro 07, 2007

DEDICADO AO ATLÉTICO (da 2ª Divisão)

Lisboa já tem sol mas cheira a lua,
Quando nasce a madrugada sorrateira
E o primeiro eléctrico da rua
Faz coro c'oa chinela da Ribeira.
Se chove, cheira a terra prometida,
Procissões têm cheiro a rosmaninho.
Na tasca da viela mais escondida,
Cheira a iscas (com elas) e a vinho.

Um craveiro numa água furtada,
Cheira bem, cheira a Lisboa!
Uma rosa a florir na tapada,
Cheira bem, cheira a Lisboa!
A fragata que se ergue na proa,
A varina que teima em passar,
Cheiram bem porque são de Lisboa,
Lisboa tem cheiro de flores e de mar!

Lisboa cheira aos cafés do Rossio,
E o fado cheira sempre a solidão,
Cheira a castanha assada, se está frio,
Cheira a fruta madura, quando é Verão.

Nos lábios tem o cheiro dum sorriso,
Manjerico tem o cheiro de cantigas,
E os rapazes perdem o juízo
Quando lhes dá o cheiro a raparigas.

sábado, janeiro 06, 2007

SERÁ PREFERÍVEL?

O Papa numa das suas recentes intervenções igualou o aborto ao terrorismo. Numa santa terrinha portuguesa, um padre distribuiu panfletos pela população com imagens de fetos mortos. Nada de anormal, até porque a Igreja nunca precisou de argumentação válida para impor os seus fundamentalismos.

Um folheto depositado na minha caixa de correio, depois de dissertar sobre um corpo de 14 gramas e 6 centímetros de comprimento, pergunta-me se já pensei “nas consequências de uma lei que liberaliza o aborto até às dez semanas?”. Já pensei, e? Da parte dos partidários do "NÃO" ainda só vi campanhas-choque e frases sensacionalistas descontextualizadas..... desconfio que eles é que ainda não pensaram!

Aliás toda esta desinformação só me leva a pensar que, para além da falta de ideias válidas, os partidários do “NÃO” não vivem no nosso país. Vivem com certeza no mundo cor-de-rosa onde o Estado apoia e incentiva as famílias a terem muitos filhos, onde não morrem crianças vítimas de maus-tratos, onde as crianças não mendigam nas nossas estradas, onde as crianças não são vítimas de trabalho infantil. Como eu gostava de ouvir argumentos válidos para os problemas do mundo real, para as alternativas que têm uma mulher, quando sem condições sociais ou financeiras, se encontra perante uma gravidez não desejada:

- é crime abandonar um recém-nascido num hospital; a alternativa actual é abandonar o bebé em casas-de banho públicas ou caixotes de lixo. Será preferível?

- não pode fazer um aborto seguro num hospital público; a alternativa actual é faze-lo de forma clandestina, pondo em risco a sua própria saúde. Será preferível?

- se dá a luz uma criança não desejada, ganha uma “prisão”; se faz um aborto incorre num crime de prisão. Será preferível?

- uma criança não desejada, é meio caminho andado para que essa criança seja criada sem amor, num ambiente hostil, com um futuro hipotecado logo à partida. Será preferível?

NÃO OBRIGADA.

O preferível era mesmo que os portugueses que vivem num mundo real, votassem no referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, de acordo com a sua própria consciência, e não conforme o absurdo que os outros querem, os tais que vivem no país rosa menina/azul menino.

terça-feira, janeiro 02, 2007

You see things and you say “Why?”; But I dream things that never were; and I say “Why not?"

Bernard Shaw