GATO NO "DESERTO"

DESCODIFICADOR INFANTIL

O meu filho mais velho está naquela fase de assimilação e descodificação de tudo o que se passa à sua volta. Tudo tem de ser bem explicado, até porque caso contrário levo logo com um “porquê’”. A verdade é que a coisa tem andado controlada. Mas ultimamente tenho-me socorrido bastante de um “descodificador infantil” até porque não é fácil explicar que as imagens que passam no telejornal na televisão são o nosso mundo. Assim, tudo se descodifica: a “menina desaparecida” passa a “menina perdida quase-quase a voltar para casa”, as cargas policiais passam a “corrida de policias”, as explosões e colunas de fumo no Iraque passam a “acidentes de carros” e até a vitória de uma qualquer equipa de futebol passa a ser uma "vitória do Benfica". É quase perfeito o mundo das crianças!

DIA DE DECISÕES

Invariavelmente, no último ano, a minha rotina de tempos-livres ficou, mais ou menos, estabelecida com cinema durante a semana e futebol ao fim-de-semana. Mas, verdade seja dita, nos últimos tempos, confesso que retirei mais prazer de uma ida ao cinema que ao estádio da Luz e não foi pelo conforto da cadeira. Como atravessamos agora tempos de crise e o custo de um bilhete anual de cinema é sensivelmente idêntico ao do cativo no estádio, esperei por Domingo passado para tomar uma decisão para um novo ano: ou futebol ou o cinema. Como a equipa ficou em terceiro lugar e a frustração não coaduna com alegria, optei pelo conforto de uma sala escura. E a confirmar-se o Fernando Santos como treinador e o regresso de Veiga à estrutura de futebol do Benfica, bem convenhamos que, piratas por piratas, prefiro os “Piratas das Caraíbas”!

Ah... já vos disse que as minhas acções na SAD do Benfica já "foram" hoje?

VOTO CONTRA

As eleições para a Câmara Municipal de Lisboa são as únicas que me levam a exercer o direito cívico. Não sei se pela cara dos candidatos ou se por viver na cidade e sentir os seus problemas. Das mais recentes, uma votei contra o Santana Lopes, noutra contra o Maria Carrilho. Independentemente dos partidos, voto nas pessoas, ou melhor, voto contra. Seja como for, de pouco me serviu esta forma de estar, até porque Lisboa, qualitativamente, está pior do que alguma vez esteve. Assim decidi mudar de atitude e nas próximas eleições em vez de votar ‘contra’ vou votar ‘a favor’. Bem, vou votar a favor do contra. Vou votar José Sá Fernandes. Não confundir, sff, com voto no BE. Bem, isto se por acaso estiver por cá pela cidade no meu sagrado período de férias!

LEI DO SILÊNCIO

Quando tragédias destas, como do desaparecimento da pequena Madeleine, acontecem em países como Estados Unidos ou Inglaterra, assistimos pela televisão a ‘gabinetes de crise’ montados, colaboração entre as várias autoridades, relação estreita com a comunicação social, conferências de imprensa diárias com a actualização dos desenvolvimentos, difusão a nível nacional dos nºs de telefone para quaisquer denúncias, divulgação pública de retrato-robot do(s) suspeito(s), enfim a informação circula. Aqui em Portugal, parece que tudo se passa ao contrário. Para além da sensação de que cada autoridade actua de forma individualizada, assistimos ainda impávidos a um absurdo absoluto controlo da informação. Nada se diz, nada se divulga, e tudo se justifica com o famigerado “segredo de justiça”. E como os resultados desta estranha forma de actuar tardam em chegar, torna-se quase inevitável não criticar. Só espero que a pequena Madeleine tenha mais sorte que a pequena Joana. Eu é que já não sei se a minha impaciência se deve à ignorância sobre a evolução das investigações ou se ando a ver CSI’s a mais!

VANESSA