segunda-feira, fevereiro 21, 2005

AINDA SOBRE A IRMÃ LÚCIA

Não tenho por hábito comentar comentários, mas desta vez não resisto, até porque como benfiquista gosto sempre de uma boa troca de argumentos sobre questões de fé. Assim, em jeito de réplica às palavras deixadas pelo ilustre leitor deste blogue de seu nome Lince ao post "Em liberdade, finalmente!” gostava de dizer o seguinte:

Quando alguns dias atrás no mencionado post referi o histerismo em redor do falecimento da irmã Lúcia, de forma propositada, não particularizei qualquer forma de manifestação. Ou seja, considerei todas elas manifestamente exageradas. E aqui incluo o destaque dado pelas televisões, como a ‘suspensão’ da campanha eleitoral ou o decretar do ‘dia de luto nacional’ bem como a peregrinação de milhares de pessoas a Fátima para chorarem a falecida.

Por muito boa pessoa que a irmã Lúcia fosse, não consigo encontrar argumentos racionais para tanto. Afinal não se lhe conhece qualquer milagre, feito ou obra. Se num plano social nada existe, num plano religioso, não questiono a importância da irmã Lúcia para a Igreja Católica, na criação do culto de Fátima e na transformação do Santuário de Fátima num importante centro turismo religioso, até porque lhe reconheço o mérito.

Ao utilizar a palavra liberdade, apenas quis considerar a possibilidade que lhe foi negada, de que se lhe tivesse sido dado a escolher, a irmã Lúcia provavelmente teria optado por uma vida bastante diferente daquela que efectivamente viveu. Porque convenhamos que numa análise racional, é difícil aceitar que uma rapariga analfabeta com catorze anos de idade tenha a capacidade mental de decidir passar o resto da sua vida privada da sua família e ‘obrigada’ a votos de silêncio e clausura. Mas tenho sempre presente que a Igreja Católica, ao longo da sua história, sempre teve ao seu dispor os “argumentos” e os instrumentos necessários para fazer valer a sua vontade. E hoje sabe-se que a vocação religiosa da irmã Lúcia foi-lhe imposta pela igreja, de forma a salvaguardar o seu silêncio sobe os acontecimentos da Cova da Iria.

Quanto à minha leitura dos acontecimentos que supostamente ocorridos, que influenciaram a ela e a milhares de católicos em todo o mundo, obviamente sou céptico e por isso questiono, mas remeto o meu comentário para aqui na leitura do texto ‘O milagre de Fátima’ de Richard Dawkins publicado num site dedicado à investigação filosófica.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não pretendo transformar isto num forum, mas já agora só 2 ou 3 precisões sobre o meu comentário anterior...

Sobre o "fenómeno" Fátima, estará por provar que fosse mais do interesse da Igreja Católica do que do regime político da altura, que talvez se tenha aproveitado um pouquinho!

O meu comentário era essencialmente sobre uma experiência religiosa que uma determinada pessoa teve (não sobre o fenómeno de massas), e que terá afectado a sua vida. Mas gostava de ler as provas que existem sobre a deliberada e forçada vida da Irmã Lúcia (sem ironia, até porque segui a anterior sugestão de leitura e apreciei!)

mfc disse...

Eu, abaixo assinado...