sexta-feira, agosto 27, 2004

LOVE BOAT

Paro num sinal vermelho. De imediato sou abordado por um miúdo que me pede esmola. Digo que não. Não gosto de alimentar a mendicidade e a exploração. Fica-me no pensamento a imagem aquela infância perdida. Penso na polémica do aborto que irá ser despoletada no próximo fim-de-semana com a chegada do barco ‘Women on Waves’. Ciclicamente a questão do aborto é discutida na sociedade portuguesa. Acho perfeitamente normal, dado que a lei que vigora em Portugal é perfeitamente contra-natura. Sou defensor das liberdades individuais de cada um de nós, o que inclui, naturalmente, o direito de optar. Considero que a mulher tem o direito de decidir se deseja a criança ou não. Não digo isto de forma leviana, uma vez que sou um pai babado de um ‘puto’ de dezassete meses. Adoro o meu filho. A melhor sensação do mundo é ouvi-lo a dizer ‘papá’. A questão aqui é que me arrependia todos os dias, se o tivesse feito nascer o meu filho e não lhe proporcionasse amor, bem-estar, educação e condições para que possa ter um futuro risonho à sua frente. Acredito que abortar não é uma decisão fácil de tomar e também não é a melhor solução mas evitas males maiores. Prefiro pensar que esta decisão difícil é um acto de amor, porque não haverá crime maior do que deixar que a infância de uma criança se perca nos semáforos da cidade.

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