sexta-feira, outubro 15, 2004

O VICIO DA PROIBIÇÃO

O Governo prepara um conjunto de medidas anti-tabagismo, entre as quais se encontra a proibição de venda de tabaco a menores de 18 anos. O que à primeira vista parece uma excelente medida, a mim soa-me a uma ‘americanização’ de leis, que passa sobretudo por proibições. Não compreendo esta tendência de importação de formas de pensar, quando a cultura, modos de vida e formas de estar europeus são completamente diferentes.

Se atendermos ao efeito prático da medida, vejo-a mais como uma desresponsabilização do Estado. Com uma simples lei, o Estado passa as responsabilidades para os donos dos cafés e de máquinas de tabaco quando devia investir na formação e na informação dos jovens; cria uma lei de efeito mediático e resultados duvidosos quando devia apostar na criação de condições e estruturas para que os nossos jovens pudessem desenvolver as suas capacidades físicas, intelectuais ou artísticas. Basta olhar para os grupos de rapazes e raparigas parados às portas das escolas, para perceber que quando não se têm anda para fazer, os cigarros aparecem sempre. Não percebo o porquê do atalho da proibição quando o caminho devia passar pela responsabilização.

E se fumar é um perigo real para a saúde e o combate ao tabagismo é para levar a sério, porque não se corta o ‘mal pela raiz’ e se proíbe definitivamente, não a comercialização ou a venda de tabaco, mas sim a produção de cigarros? Enquanto o Estado continuar a jogar dos dois lados, se por um lado proíbe, por outro continua a ser o maior beneficiário com a venda de tabaco, via impostos, estas leis destinam-se somente a transformar-nos numa sociedade de proibições, onde qualquer dia não haverá lugar para as liberdades individuais.

1 comentário:

mfc disse...

É a chamada medida evangélica!