quarta-feira, agosto 20, 2003

Crónica de um pai: dia 9

Dia 9. Com o final da minha ‘baixa parental’ aproximar-se perigosamente do fim, está na hora de começar a passar o ‘testemunho’ aos avós, uma vez que são eles a partir de 2ª feira que vão começar a tomar conta do meu herdeiro até ele fazer um ano de idade. Assim, o dia hoje foi diferente de todos os outros até agora. Foi passado em casa dos meus sogros. Tinha planeado levantar-me às 9.00 AM, mas o máximo que consegui foi virar-me para o outro lado. Só acordei às 11.00 AM. O tempo suficiente para me despachar e estar pronto a seguir viagem para os lados do Lumiar, assim que o bebé acordasse. Foi acordar e partir. Fiquei com a impressão que ele estranhou toda aquela movimentação. A viagem de carro, a alegria da avó, a ‘nova’ cama, as brincadeiras do avô. A partir de agora esta rotina começava a ser o seu ‘novo mundo’.

A minha principal preocupação era transmitir os cuidados a ter na hora da refeição. Já sabia as dificuldades que eu tinha passado, pelo que estava algo pessimista em relação à minha sogra. Expliquei-lhe como devia preparar a papa – não muito líquida –, os ‘truques’ que utilizava para ele abrir a boca (não, não contei que cantava para ele!) e as reacções que ele costumava ter (para ela não se assustar logo à primeira).

Quando a hora da verdade chegou, deu logo para verificar que a tarefa não ia ser fácil. Ao contrário do que se tinha passado nos últimos dia, desta vez o bebé não abria a boca para comer, o dificultou tudo. A minha sogra aparentava também algum nervosismo, o que se compreende, afinal era a primeira vez que lhe dava a papa. Com muita insistência, acompanhada de música de uma antiga caixa de música que o avô foi buscar, a avó lá fazia chegar a colher ao seu destino. Houve porem algumas que se perderam no caminho. Tambem me aconteceu.

Mais ou menos a meio da refeição, o bebé manifestou-se, chorando, que já não queria comer mais. Foi então, que peguei nele, de forma a conseguir-lhe dar o resto da papa. Notei um certo alívio por parte da avó, mas reconheço que esteve bem para a primeira vez. Dar-lhe de comer não é tarefa fácil e eu que o diga. Com o velho truque da chucha, consegui que ele acabasse de comer a papa que restava no prato. A verdade é que o prato ficou quase vazio. Deu para passar a mensagem. A lição n.º 1 é Paciência.

A tarde foi um descanso. Como já conhece os avós, enquanto não pegou o sono, distribuiu sorrisos por cada brincadeira ou som que se fazia. Por volta das duas da tarde, foi só coloca-lo na sua cama, porque a hora da sesta é sagrada. Pouco faltava para as quatro da tarde quando acordou. De imediato foi rodeado pelos avós. Os meus sogros estavam ansiosos por este dia. Parte da “culpa” também é nossa (dos pais), porque desde que o bebé nasceu sempre o protegemos das ‘confusões’ da família. Quisemos cria-lo nos primeiros seis meses de vida, no “nosso” ambiente sem nunca o privamos da nossa companhia. Mas partir de agora, o seu desenvolvimento exige mais, assim, com uma capacidade de comunicação já desenvolvida e um olhar curioso sobre tudo o que o rodeia, está na hora de enfrentar o Mundo. Força Puto!

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